terça-feira, 22 de setembro de 2015

Vamos dar uma voltinha pela antiga Rua da Corredoura?

Eu adoro o Porto e não consegui resistir à tentação de escrever sobre esta rua: a Rua de Santa Catarina.

Eu acho importante conhecer o que "se esconde" atrás de uma rua tão movimentada como esta.

Santa Catarina é uma das ruas que se ficaram a dever ao espírito inovador dos Almadas.  Era a antiga Rua da Corredoura, no troço que liga a Praça da Batalha ao cruzamento com a Rua Gonçalo Cristóvão. Daí partia a Rua Bela da Princesa, que ía até ao Largo da Aguardente (actual Praça da Marquês de Pombal).

A Rua de Santa Catarina é no seu primeiro troço uma rua comercial, onde se encontram as melhores montras e os melhores estabelecimentos.

No primeiro cruzamento,  com a Rua de Passos Manuel,  onde está instalada uma ourivesaria existe uma pequena estátua de Santa Catarina,  padroeira das costureiras. Na sua festa, no dia 25 de Novembro, costumavam enfeitar este local com flores brancas, mas a tradição foi-se perdendo porque a grande fábrica de camisas que havia ali fechou há muito tempo e já poucas costureiras ali trabalham.

Em meados do século XIX, no espaço compreendido entre a Rua de Santo António (actual Rua 31 de Janeiro) e a viela das pombas (junto ao local onde hoje se encontra o Grande Hotel do Porto) existiam quintas e terrenos lavradios, pertencentes a D. Antónia Adelaide Ferreira (a Ferreirinha) e a Francisco da Cunha Magalhães.

Por causa da urbanização desse espaço deu-se uma alteração na numeração das casas porque essa numeração não começava,  como hoje,  junto à Rua 31 de Janeiro,  mas sim junto à Rua Formosa.

Aqui viveram,  além dos atrás mencionados,  o 2. Visconde de Lagoaça, filho do 1. Conde de Lagoaça,  que tinha sido Presidente da Câmara do Porto,  onde ganhou notoriedade por ter criado os primeiros mictórios públicos (os lagoaças).

O 2. Visconde vivia na casa que hoje tem o nr. 369 (era antigamente o nr. 197). Por causa da urbanização houve uma diferença de 172 números.

O Visconde de Francos (José Henriques de Castro Sollà) viveu no nr. 548 (hoje 720). Esta casa foi demolida e foi construído lá um prédio.

O Barão do Valado (2.) - Augusto Correia Pinto Tameirão - morou no nr. 316 (actual nr. 485).
(...)
A bela Rua de Santa Catarina teve um início difícil. A sua abertura ou rompimento começou nos terrenos pertencentes ao "prazo por três vidas", na quinta do Adro, antes chamado Casal do Adro, junto à Igreja de Santo Ildefonso. O objectivo era criar, além de uma estrada que facilitasse a passagem numa das zonas mais concorridas da cidade, edificar casas para aumentar a cidade e a sua povoação. Isto no ano de 1784.

A burocracia foi uma luta constante devido à dificuldade de divisão em parcelas,  já que os proprietários dos terrenos eram vários e quase todos os terrenos estavam arrendados.

À Rainha D. Maria I foi feita uma petição para que se prosseguisse com as obras em curso. Seguiu-se a licença Régia e, entre muitas outras peripécias legais, a rua lá foi prosseguindo o seu caminho.

Os nomes mais importantes da Burguesia Portuense estiveram ligados a esta obra; uns pela sua influência,  outros pelo seu dinheiro e outros pelos seus conhecimentos.

A segunda etapa da obra destinou-se essencialmente à habitação,  enquanto que a primeira (antiga Rua da Corredoura), no seu percurso inicial e, sobretudo,  desde o após-guerra, se transformou na maior zona comercial da cidade.

É neste espaço que aconteceu e acontece a maior parte da fenomenologia urbana. A evolução histórica desta rua está cheia de valores económicos,  sociais,  morais e culturais.

A ligação permanente desta rua a uma multidão de gente desejosa de gastar o seu dinheiro,  de ver coisas agradáveis ou, simplesmente, necessitar de um espaço onde pudesse sonhar levou à libertação de trânsito automóvel na primeira parte da rua.

Alguns estabelecimentos e casas notáveis de Santa Catarina são: a livraria Latina, o café Majestic, a Casa da Beira Alta, o Grande Hotel do Porto, a casa onde nasceu Arnaldo Gama (escritor) no nr. 206, a Capela das Almas e a casa onde nasceu António Nobre (poeta) no nr. 469.

Agora quando for à Rua de Santa Catarina não vá só à FNAC! Imprima este texto e descubra o que lhe foi revelado aqui! Bom passeio!


A informação foi tirada do livro "Santa Catarina - História De Uma Rua" de Alexandrino Brochado.



segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...

A língua francesa em Portugal

Galicismo ou francesismo é uma palavra ou expressão de origem francesa, ou afrancesada, tendo ou não mantido a sua grafia original. Exemplos: chic, champagne,  ballet, bibelot,  maquillage, chef,  buffet,  etc.

A importação de palavras e expressões francesas para a nossa língua tem origem na Idade Média,  devido à literatura francesa.

Muito tempo depois, no séc. XIX, era muito chique falar francês, vestir roupas francesas e consumir produtos vindos de Paris.

Mesmo mais tarde,  no início do século XX, qual era a menina de bem que não tocava piano e falava francês?

Lembram-se do "gato maltês que tocava piano e falava francês"?

Com o "flower power", o "Woodstock", os LPs e séries em língua inglesa, entre outros, a língua francesa caiu em desuso.

A minissaia

Em 1964 Mary Quant criou a minissaia. Mas este assunto foi controverso já que, no mesmo ano, o estilista André Courreges decidiu subir 15 cms às saias da sua colecção de verão.

Quando Mary Quant criou as minissaias com apenas 30 cms, a polémica instalou-se,  mas este fenómeno rápidamente correu o mundo para desespero das mulheres conservadoras e alegria dos homens em geral!

Em 1966 a rainha Elizabeth II condecorou Mary com a Ordem do Império Britânico e Quant foi receber o prémio de minissaia!

Hoje em dia há minissaias muito mais curtas e que mostram o que deveria estar escondido. Para além delas há decotes extremamente ousados e outros itens nada recomendados. Não que eu seja uma pessoa retrógrada,  mas ainda tenho bom senso!!!

O namoro

Do namoro da rua para a janela e suas inerentes serenatas ao namoro em casa na presença da mãe ou da irmã muitos séculos se passaram!

Nos anos quarenta era comum o namorado ou noivo sentar-se na quarta cadeira da mesa e a namorada ou noiva na primeira, para que ficassem duas cadeiras de intervalo entre eles. E sempre acompanhados por um membro da família dela! As meninas decentes chegavam ao casamento virgens.

Hoje em dia tudo é demasiado rápido.  Aos 12 e 13 anos já se começa a namorar, a sair à noite e não sei mais o quê!!!

Alguns textos foram tirados dos seguintes sites: hierophant.com.br, pt.m.wikipedia.org e Paulohernandes.pro.br.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Os refugiados

OS REFUGIADOS

Eu estou fartíssima dos comentários que ouço e leio em relação a este assunto! Talvez por isso eu queira "separar as águas".

Vamos acolher os refugiados porque:
- gostaríamos que nos fizessem o mesmo se disso necessitássemos;
- somos pessoas e, como tal, queremos ajudar o próximo;
- não ficamos indiferentes a pessoas que fogem à fome e à guerra;
- queremos parar com este sofrimento atroz.

Não queremos refugiados em Portugal porque:
- a sua religião é muçulmana e os seus hábitos são diferentes dos nossos;
- podem, hipoteticamente,  fazer parte da Jihad Islâmica que é um grupo terrorista que diz querer conquistar os países que um dia já lhes pertenceu e, entre eles,  Portugal. Para além disto,  matam as pessoas de uma forma desumana e ensinam as suas crianças a combater;
- o nosso país já tem que se preocupar (mas não se preocupa!) com a alta taxa de desemprego,  o aumento dos sem - abrigo e das famílias carenciadas, etc.

Como dizia Fernando Pessoa: "Primeiro estranha-se e depois entranha-se".

O nosso povo é muito hospitaleiro com os turistas,  mas não (e nunca!) com os imigrantes. E atenção: há uma grande diferença entre imigrantes e refugiados!

Espero que este texto vos humanize!

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Homenagem à minha mãe - Cristina Barbot - Família e Amigos

FAMÍLIA

É muito fácil pensar em homenagear a minha mãe,  mas extremamente difícil passá-lo a palavras. É que a sua ausência ainda dói muito...

Este é o quinto texto que eu escrevo porque fico sempre com a sensação que muito ficou por dizer.

Eu pedi a três pessoas da família,  a três amigas da minha mãe e dois colegas para escreverem um pequeno texto sobre ela mas,  infelizmente,  nem todas as pessoas quiseram ou puderam colaborar. Então,  eu pedi à minha filha para o fazer (que logo concordou!) e, em relação aos colegas, fui buscar textos que eu recebi após a morte da minha mãe.

Agradeço a todos os que participaram nesta homenagem.

Hoje, dia 8 de Setembro, a minha mãe faría 62 anos se não tivesse partido, subitamente, há pouco mais de três anos.

Desde que ela faleceu eu sinto um enorme vazio e parece que metade da minha alma partiu com ela.

A minha mãe é um exemplo para mim. Eu nunca conheci alguém tão profissional, determinado,  inteligente, dinâmico e dedicado como ela.

A minha mãe era uma pessoa bonita por fora e por dentro e o seu sorriso iluminava os lugares por onde passava. Era muito simpática e tinha sentido de humor.

Ela era Professora Doutora na Faculdade de Economia do Porto mas dominava outras áreas como as línguas,  a escrita,  o desenho e a pintura.

Dela "herdei" o gosto pelas canções dos anos sessenta e setenta,  leitura, viagens,   pintura,  pontualidade, sentido de justiça, fotografia,  etc.

A minha mãe gostava imenso do Porto e o seu destino preferido de férias era o Brasil.

Ela gostava muito da família e, desde que partiu,  a família perdeu muito da sua "graça". A minha mãe era, de facto, um elemento imprescindível.

Mamã (era assim que eu a tratava), eu tenho muito orgulho em ti e ficarás cá dentro para todo o sempre.

"Num deserto sem água,  numa noite sem lua,
Numa terra nua, por maior que seja o desespero,
Nenhuma ausência é mais profunda que a tua."
Sophia de Mello Breyner Andresen

Clara (filha mais velha),
02/09/15

Quando eu penso na minha avó digo sempre para mim mesma: Tu és a melhor, Óxina! (A Helena em pequena não conseguia dizer "avó Cristina" e dizia "Óxina". Mesmo, mais tarde, e quando ela já sabia dizer o nome da avó,  continuou a tratá-la da mesma forma porque a minha mãe achava piada ao nome que a Helena tinha inventado para ela).

Helena (neta mais velha),
02/09/15

AMIGOS

Para não ferir susceptibilidades,  eu escrevi o nome destas três amigas em pequenos papéis,  dobrei-os, coloquei - os num saco e tirei um papel de cada vez. A ordem por que os nomes saíram é a que se segue.

"É verdade,  fazes-nos muito falta...

Sempre empreendedora,  perspicaz e amiga. Sim,  uma grande e verdadeira amiga de quem tenho muitas saudades. ..

Quando me lembro da Cristina, lembro - me da formiga rabiga, sempre trabalhadora e lutadora...

É muito difícil colocar em palavras toda a amizade que se foi construindo ao longo dos anos, sei que me fazes muita falta, mas sei que estás bem ao lado da Aninhas,  um dia nos encontraremos.

Grande beijinho da tua sempre amiga,
Ana" (Ana Maria Magalhães),
31/08/15

"A minha amiga Cristina deixou-nos já lá vão três anos. Agora que se aproxima a data do seu aniversário vou tentar exprimir por palavras aquilo que é quase impossível: a sua ausência.

A sua presença fazia parte da minha vida pois não havia dia em que não mantivesse contacto com ela, ou presencialmente ou através de telefonemas ou mensagens.

Partilhávamos interesses que iam desde cinema (todas as sextas - feiras), música e até jogos.  Ao fim-de-semana havia sempre algo a descobrir e sábado,  depois do almoço lá íamos nós cumprir as nossas programações.

Foi sempre uma grande amiga, em quem pude confiar. Sempre pronta a ajudar, sempre pronta a ouvir. Para além da sua vida profissional,  encontrava sempre tempo para os amigos.

Quantas vezes dou por mim a pensar "tenho de telefonar à Cristina" para contar alguma coisa que tenha presenciado ou alguma notícia que seria do seu interesse.

Infelizmente ela já cá não está e a falta é imensa.  Mas, faz bem pensar no que ela faria ou diria em determinadas circunstâncias. A vida continua, e ela continua presente em mim todos os dias. Assim o contacto com a sua família é uma grande ajuda para me lembrar dela e de todos os momentos que passámos juntas.

Foi um privilégio ser amiga de alguém tão especial. Estará sempre presente nas minhas memórias."

Victória Rowcliffe
02/09/15

"Quando a Clarinha me pediu para escrever um texto sobre a sua mãe fiquei muito sensibilizada e feliz pois entendi ser,  para mim, uma enorme honra mas ao mesmo tempo preocupada pela responsabilidade que tal representava.

Ao pensar na Cristina e penso muitas vezes,  ocorre-me de imediato, uma palavra para a qualificar; ela era a todos os títulos, uma pessoa brilhante.

A nossa convivência vem da adolescência e depois juventude, nos bancos da Faculdade de Economia,  num convívio diário,  das aulas, estudo,  participação nos mesmos trabalhos de grupo,  conversas de café e faz parte das minhas memórias. Já aí me pude aperceber da inteligência e brilhantismo da Cristina. Com a licenciatura concluída a vida profissional e familiar de cada uma o convívio esbateu-se,  mas a vida encarregou-se de nos aproximar de novo,  agora já maduras,  e o retomar das nossas conversas foi tão espontâneo que parecia que nos tínhamos despedido no dia anterior.

A Cristina era sempre muito atenta e interessada a tudo que a rodeava,  muito metódica e organizada. Embora muito incisiva e rigorosa era muito amiga e preocupada com a sua amiga.

Estava sempre, verdadeiramente, ocupada com os seus trabalhos de preparação das aulas,  de investigação,  pareceres, publicação de papers em revistas nacionais e internacionais,  edição de um livro,  tarefas que ela levava a cabo com muita paixão e profissionalismo.

Tinha, à inda, muitos planos a médio e longo prazo,  na vida profissional e pessoal,  dos quais me falava.

Nas nossas conversas de fim da tarde ou almoços no "Velásquez" podia - me aperceber disso e recordo,  a título de breve nota, que quando combinávamos idas ao cinema, o que era muito frequente eu nem me preocupava com o filme pois a escolha era sempre acertada.

Minha amiga de longa data partiu muito cedo e deixou un enorme vazio.

Ainda hoje, ao fim da tarde,  me apetece telefonar - lhe para combinarmos um "cafézinho" e parece que,  às vezes,  a vejo na rua.

Guardo,  ainda,  pois não consigo apagar, os mails e sms que me enviava a combinar os nossos encontros.

Tive a sorte de nos últimos dias da sua vida convivermos muito de perto e passarmos juntas o seu último S. João, num passeio de barco, tendo por iniciativa dela marcado um café para a sexta feira próxima,  quando regressasse da viagem que ia fazer o que, tristemente,  não foi possível.

Perdi uma grande amiga e a ciência económica perdeu uma ilustre académica.

Ficaram muitas saudades. "

Regina Vieira
02/09/15