sábado, 27 de fevereiro de 2016

Uma história de amor em Auschwitz

Olá! Vale a pena ler este romance passado no pior dos cenários possíveis.

O número de pessoas enviadas para este campo de concentração na Polónia foi superior a 1,3 milhões. .Destas morreram 1,1 milhões. De salientar que 1 milhão eram judeus. A maioria foi levada da Polónia e da Hungria. Além destes foram assassinados prisioneiros políticos, ciganos, testemunhas de Jeová, prisioneiros de guerra soviéticos e homosexuais.

No total (em Auschwitz,  Treblinka, Chelmno, Solibór e Majdanek) foram mortos entre 5 e 6 milhões de judeus.

Porém,  neste mesmo cenário de terror, aconteceu uma história de amor entre um soldado das SS e uma judia.

Contra todos os possíveis prognósticos,  a judia Helena Citrónová e o alemão Franz Wunsch, apaixonaram - se um pelo outro em Auschwitz.

Helena, uma mulher bonita e oriunda da Tchecoslováquia, chegou a este campo de concentração em Março de 1942.

Esta queria viver. Por isso decidiu arranjar um trabalho no "Canadá", lugar onde os pertences dos prisioneiros eram separados e passados para os alemães.

A jovem começou a trabalhar, mas uma kapo (uma chefe judia nomeada pelos alemães) disse - lhe que ela não tinha sido escolhida para aquele posto de trabalho e que a iria denunciar à SS.

No entanto,  nesse mesmo dia comemorava-se o aniversário de Franz Wunsch. A judia Olga disse que sabia dançar, mas eles queriam uma cantora.

Helena sabia, mas não queria cantar em alemão. Foi obrigada a fazê-lo. Wunsch gostou e pediu bis.

"E foi assim que ele reparou em mim e, a partir desse momento, acho que ficou apaixonado por mim. Foi isso que me salvou, o canto.", relatou Helena.

Wunsch pediu à kapo que Helena voltasse a trabalhar no "Canadá" no dia seguinte. Se o não tivesse dito,  a jovem seria, provavelmente, assassinada.

Informada de que Wunsch tinha morto a tiro um prisioneiro que fizera contrabando, Helena disse que, pelo menos no inicio, o odiava. Mas, Wunsch tratava - a com respeito no dia-a-dia.

Quando saiu de licença mandou - lhe biscoitos e, quando voltou ao campo enviou-lhe um bilhete: "Amor, apaixonei-me por ti."

"Senti-me infelicíssima. Pensei que preferia morrer do que estar com um homem das SS.", disse Helena.

Wunsch tinha um gabinete no "Canadá" e procurava arranjar desculpas para ver Helena. Uma vez chamou-a e disse: "Arranja-me as unhas para que eu possa olhar para ti durante um minuto". A judia respondeu: "De maneira nenhuma. Ouvi dizer que você matou uma pessoa, um jovem". Ele negou. Helena acrescentou: "Não me chame a esta sala... Nada de arranjar unhas,  nada. Eu não trabalho como manicure. E agora vou-me embora,  não sou capaz de continuar a olhar para si." Empunhando a pistola, o alemão gritou: "Se saíres por aquela porta, não continuarás a viver! Qual é a tua ideia ao saíres sem que eu te dê autorização? ". A jovem não se intimidou: "Dispare contra mim. Vá, dispare! Prefiro morrer a ter de participar neste jogo duplo."

Mais tarde,  Helena percebeu que,  num
lugar em que era difícil contar até com os amigos, podia contar com Wunsch e, assim, sentia-se segura. "Esta pessoa não permitirá que me aconteça nada de mal", acreditava. Quando soube que a sua irmã e os seus sobrinhos estavam a ser levados para as câmaras de gás, Helena ficou desesperada e saiu a correr. Informado do que estava a acontecer, Wunsch localizou - os nas proximidades do crematório e disse aos colegas da SS que Rózinka (a irmã de Helena) era "uma trabalhadora excelente que desempenhava funções no seu armazém". A seguir e para disfarçar, começou a bater em Helena, alegando que ela não tinha obedecido à ordem do recolhimento obrigatório, e pediu: "Depressa, diz-me o nome da tua irmã antes que seja tarde demais!" Assustada, mas com coragem Helena disse: "Rózinka".

A irmã de Helena salvou - se,  mas as crianças não.

Ao poupar a irmã,  Wunsch conquistou Helena. "Com o passar do tempo,  a verdade é que me apaixonei mesmo por ele. Ele arriscou a vida por mim em mais do que uma ocasião." Mesmo assim, a relação permaneceu platónica todo o tempo. "A relação entre os dois consistia em olhares, palavras ditas apressadamente e troca de mensagens escritas", escreveu Rees (o autor do livro "Auschwitz - Os Nazis e a "Solução Final"). Ele costumava virar - se para a direita e para a esquerda, certificando - se de que ninguém podia ouvi-lo. Dizia - me: Amo-te". "Eram as palavras que faziam com que eu me sentisse bem naquele inferno. Davam - me coragem." (...)

"Mas a verdade é que existiam momentos em que eu me esquecia de que era judia e que ele não era judeu. Sinceramente. E eu amava - o de facto. Mas nada daquilo podia vir a ser realidade. Aconteciam coisas ali, amor e morte - sobretudo morte."

Este amor, mesmo sendo platónico, acabou por ser descoberto. A jovem foi levada para o Bloco 11, o dos castigos. "Todos os dias levavam - me para fora e ameaçavam - me que, se eu não lhes dissesse o que se tinha passado entre mim e aquele soldado das SS, matar - me-iam naquele preciso momento. Mantive - me firme, dizendo com insistência que não se tinha passado absolutamente nada. "

Detido, Wunsch foi interrogado, mas negou que houvesse ocorrido alguma coisa entre ele e Helena. "Assim, ao fim de cinco dias de interrogatórios, ambos foram libertados. O "castigo" de Helena foi agravado quando foi forçada a trabalhar sozinha numa das secção dos barracões do "Canadá", afastada das outras mulheres,  enquanto Wunsch teve o cuidado de ser mais discreto nos contactos que tinha com ela." (...)

Mais tarde, quando os Nazis obrigaram os judeus a sair de Auschwitz, nas chamadas "marchas da morte", Wunsch demonstrou uma vez mais o seu amor por Helena. "Quando ela, acompanhada pela irmã, Rózinka, já se encontrava junto aos portões do campo, a tremer de frio, ele levou - lhe dois pares de sapatos que lhe manteriam os pés quentes - botas forradas com pelo. Todos os outros, pobres criaturas, calçavam tamancos forrados com folhas de jornal. Ele estava a arriscar a sua vida dando - lhe as botas.

Wunsch aproveitou para informar Helena de que ia ser transferido para a frente de combate, mas que a sua mãe, que vivia em Viena, olharia por ela e pela irmã, já que quando acabasse a guerra estas não teriam para onde ir por serem judias. O soldado das SS colocou "um pedaço de papel na mão de Helena, onde escrevera o endereço da mãe".

Quando Wunsch se afastou, Helena pensou no que o seu pai lhe tinha dito: "Não te esqueças de quem és". "Sou uma judia e tenho de continuar a ser uma judia". Mesmo amando Franz, Helena não o poderia perdoar por ser Nazi e deitou o papel fora.

Até breve!

Fontes: Jornal Opção
Livro "Auschwitz - Os Nazis e a " Solução Final", de Laurence Rees.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Sugestões para um fim de semana de chuva

Olá a todos!

No fim de semana que se avizinha o sol não vai aparecer. Para dias tristonhos não há nada como um bom livro e/ou filme.

Neste momento há filmes imperdiveis nas salas de cinema, o que é coisa rara! Mas a aproximação da entrega dos óscares faz milagres! E ainda bem!

Eu sugiro os seguintes filmes:

- "Brooklyn"- Conta a história de uma rapariga irlandesa que decide emigrar para os Estados Unidos da América, em busca de um futuro melhor. O filme é encantador e a performance da actriz principal - Saoirse Ronan - é brilhante!

- "Carol" - Este é um filme para mentes não retrógradas. Conta - nos a história de amor entre Therese Belivet (interpretada por Cate Blanchett), uma mulher sofisticada, e Carol Aird (Rooney Mara), uma rapariga que trabalha na secção de brinquedos de um grande armazém.
Therese é casada e, quando o marido descobre a sua relação com Carol, põe em causa a capacidade daquela em cuidar da filha. Cate Blanchett é, simplesmente, espectacular!

- "O Caso Spotlight" - A equipa "Spotlight" do jornal Boston Globe tem nas mãos um caso para deslindar: o envolvimento de vários padres com crianças da comunidade. Esta vai ser uma tarefa árdua,  já que deste caso fazem parte personalidades dos mais altos níveis das instituições religiosas e políticas de Boston.

- "A Rapariga Dinamarquesa" - Este filme é para mentes abertas. Conta - nos a história de Einar e Gerda, um casal que se vê a braços com a crescente satisfação de Einar em vestir - se de mulher e o que daí advém.  Estas duas personagens são maravilhosamente interpretadas! Eddie Redmayne é Einar e, posteriormente, Lilly, e Alicia Vikander é Gerda.

E porque não um bom livro? Deixe-se envolver por uma das histórias que se seguem!

- "O Palácio da Lua", de Paul Auster.
Marco Frogg perdeu a mãe cedo, nunca soube quem era o pai e foi criado por um tio que acabou por morrer. Assim, Frogg partiu numa viagem absurda e obscura ao seu interior.
Marco herdou 1492 livros do seu tio e esse número correspondia ao ano da descoberta feita por Colombo. E a sua universidade era a Colúmbia.
A vida de Frogg tranformou-se, então, numa procura da sua identidade e dos seus sonhos.
Como tinha pouco dinheiro começou a vender os livros e, desta forma, a separar-se cada vez mais do seu tio Victor e de si mesmo até que...

- "O Meu Pai", de Juan Pablo Escobar.
Esta é uma "radiografia íntima do narcotraficante mais famoso de todos os tempos - Pablo Escobar". Este homem controlava uma grande parte da cocaína que se consumia nos E.U.A. nos anos de 1980.

- "E As Montanhas Ecoaram", de Khaled Hosseini.
1952. Em Shadbag,  uma pequena aldeia no Afeganistão,  Saboor é um pai que se vê obrigado a tomar uma das decisões mais difíceis de sua vida: vender a sua filha mais nova, Pari,  a um casal abastado em Cabul e assim poder continuar a sustentar a restante família. A separação é particularmente devastadora para Abdullah,  o irmão mais velho que cuidou de Pari desde a morte da mãe de ambos. Nenhum dos dois imaginava que aquela viagem até à capital iria instalar um vazio nas suas vidas que seria capaz de atravessar décadas e quilómetros e condicionar os seus destinos...

- " A Rainha Branca", de Philipa Gregory.
A história do primeiro volume de uma nova trilogia notável,  A Guerra entre Primos, desenrola - se em plena Guerra das Rosas,  agitada por tumultos e intrigas.
A Rainha Branca é a história de uma plebeia,  Isabel Woodville, que ascende à realeza servindo-se da sua beleza, uma mulher que revela estar à altura das exigências da sua posição social e que luta tenazmente pelo sucesso da sua família, uma mulher cujos dois filhos estarão no centro de um mistério que há séculos intriga os historiadores: o desaparecimento dos dois príncipes, filhos de Eduardo IV, na Torre.

Bom fim de semana com viagens pelo cinema e/ou pela leitura!