segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Homenagem à minha mãe - Cristina Barbot - Família e Amigos

FAMÍLIA

É muito fácil pensar em homenagear a minha mãe,  mas extremamente difícil passá-lo a palavras. É que a sua ausência ainda dói muito...

Este é o quinto texto que eu escrevo porque fico sempre com a sensação que muito ficou por dizer.

Eu pedi a três pessoas da família,  a três amigas da minha mãe e dois colegas para escreverem um pequeno texto sobre ela mas,  infelizmente,  nem todas as pessoas quiseram ou puderam colaborar. Então,  eu pedi à minha filha para o fazer (que logo concordou!) e, em relação aos colegas, fui buscar textos que eu recebi após a morte da minha mãe.

Agradeço a todos os que participaram nesta homenagem.

Hoje, dia 8 de Setembro, a minha mãe faría 62 anos se não tivesse partido, subitamente, há pouco mais de três anos.

Desde que ela faleceu eu sinto um enorme vazio e parece que metade da minha alma partiu com ela.

A minha mãe é um exemplo para mim. Eu nunca conheci alguém tão profissional, determinado,  inteligente, dinâmico e dedicado como ela.

A minha mãe era uma pessoa bonita por fora e por dentro e o seu sorriso iluminava os lugares por onde passava. Era muito simpática e tinha sentido de humor.

Ela era Professora Doutora na Faculdade de Economia do Porto mas dominava outras áreas como as línguas,  a escrita,  o desenho e a pintura.

Dela "herdei" o gosto pelas canções dos anos sessenta e setenta,  leitura, viagens,   pintura,  pontualidade, sentido de justiça, fotografia,  etc.

A minha mãe gostava imenso do Porto e o seu destino preferido de férias era o Brasil.

Ela gostava muito da família e, desde que partiu,  a família perdeu muito da sua "graça". A minha mãe era, de facto, um elemento imprescindível.

Mamã (era assim que eu a tratava), eu tenho muito orgulho em ti e ficarás cá dentro para todo o sempre.

"Num deserto sem água,  numa noite sem lua,
Numa terra nua, por maior que seja o desespero,
Nenhuma ausência é mais profunda que a tua."
Sophia de Mello Breyner Andresen

Clara (filha mais velha),
02/09/15

Quando eu penso na minha avó digo sempre para mim mesma: Tu és a melhor, Óxina! (A Helena em pequena não conseguia dizer "avó Cristina" e dizia "Óxina". Mesmo, mais tarde, e quando ela já sabia dizer o nome da avó,  continuou a tratá-la da mesma forma porque a minha mãe achava piada ao nome que a Helena tinha inventado para ela).

Helena (neta mais velha),
02/09/15

AMIGOS

Para não ferir susceptibilidades,  eu escrevi o nome destas três amigas em pequenos papéis,  dobrei-os, coloquei - os num saco e tirei um papel de cada vez. A ordem por que os nomes saíram é a que se segue.

"É verdade,  fazes-nos muito falta...

Sempre empreendedora,  perspicaz e amiga. Sim,  uma grande e verdadeira amiga de quem tenho muitas saudades. ..

Quando me lembro da Cristina, lembro - me da formiga rabiga, sempre trabalhadora e lutadora...

É muito difícil colocar em palavras toda a amizade que se foi construindo ao longo dos anos, sei que me fazes muita falta, mas sei que estás bem ao lado da Aninhas,  um dia nos encontraremos.

Grande beijinho da tua sempre amiga,
Ana" (Ana Maria Magalhães),
31/08/15

"A minha amiga Cristina deixou-nos já lá vão três anos. Agora que se aproxima a data do seu aniversário vou tentar exprimir por palavras aquilo que é quase impossível: a sua ausência.

A sua presença fazia parte da minha vida pois não havia dia em que não mantivesse contacto com ela, ou presencialmente ou através de telefonemas ou mensagens.

Partilhávamos interesses que iam desde cinema (todas as sextas - feiras), música e até jogos.  Ao fim-de-semana havia sempre algo a descobrir e sábado,  depois do almoço lá íamos nós cumprir as nossas programações.

Foi sempre uma grande amiga, em quem pude confiar. Sempre pronta a ajudar, sempre pronta a ouvir. Para além da sua vida profissional,  encontrava sempre tempo para os amigos.

Quantas vezes dou por mim a pensar "tenho de telefonar à Cristina" para contar alguma coisa que tenha presenciado ou alguma notícia que seria do seu interesse.

Infelizmente ela já cá não está e a falta é imensa.  Mas, faz bem pensar no que ela faria ou diria em determinadas circunstâncias. A vida continua, e ela continua presente em mim todos os dias. Assim o contacto com a sua família é uma grande ajuda para me lembrar dela e de todos os momentos que passámos juntas.

Foi um privilégio ser amiga de alguém tão especial. Estará sempre presente nas minhas memórias."

Victória Rowcliffe
02/09/15

"Quando a Clarinha me pediu para escrever um texto sobre a sua mãe fiquei muito sensibilizada e feliz pois entendi ser,  para mim, uma enorme honra mas ao mesmo tempo preocupada pela responsabilidade que tal representava.

Ao pensar na Cristina e penso muitas vezes,  ocorre-me de imediato, uma palavra para a qualificar; ela era a todos os títulos, uma pessoa brilhante.

A nossa convivência vem da adolescência e depois juventude, nos bancos da Faculdade de Economia,  num convívio diário,  das aulas, estudo,  participação nos mesmos trabalhos de grupo,  conversas de café e faz parte das minhas memórias. Já aí me pude aperceber da inteligência e brilhantismo da Cristina. Com a licenciatura concluída a vida profissional e familiar de cada uma o convívio esbateu-se,  mas a vida encarregou-se de nos aproximar de novo,  agora já maduras,  e o retomar das nossas conversas foi tão espontâneo que parecia que nos tínhamos despedido no dia anterior.

A Cristina era sempre muito atenta e interessada a tudo que a rodeava,  muito metódica e organizada. Embora muito incisiva e rigorosa era muito amiga e preocupada com a sua amiga.

Estava sempre, verdadeiramente, ocupada com os seus trabalhos de preparação das aulas,  de investigação,  pareceres, publicação de papers em revistas nacionais e internacionais,  edição de um livro,  tarefas que ela levava a cabo com muita paixão e profissionalismo.

Tinha, à inda, muitos planos a médio e longo prazo,  na vida profissional e pessoal,  dos quais me falava.

Nas nossas conversas de fim da tarde ou almoços no "Velásquez" podia - me aperceber disso e recordo,  a título de breve nota, que quando combinávamos idas ao cinema, o que era muito frequente eu nem me preocupava com o filme pois a escolha era sempre acertada.

Minha amiga de longa data partiu muito cedo e deixou un enorme vazio.

Ainda hoje, ao fim da tarde,  me apetece telefonar - lhe para combinarmos um "cafézinho" e parece que,  às vezes,  a vejo na rua.

Guardo,  ainda,  pois não consigo apagar, os mails e sms que me enviava a combinar os nossos encontros.

Tive a sorte de nos últimos dias da sua vida convivermos muito de perto e passarmos juntas o seu último S. João, num passeio de barco, tendo por iniciativa dela marcado um café para a sexta feira próxima,  quando regressasse da viagem que ia fazer o que, tristemente,  não foi possível.

Perdi uma grande amiga e a ciência económica perdeu uma ilustre académica.

Ficaram muitas saudades. "

Regina Vieira
02/09/15




3 comentários:

  1. A Professora Cristina é muito querida deste lado de cá do Atlântico. No país que ela gostava para férias também gostávamos da presença dela em nossos foruns de aviação - presencial ou virtualmente ela estava sempre trazendo importantes contribuições. Toda a comunidade acadêmica de aviação sentiu muito sua perda. E rezamos por ela aqui.

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    1. Obrigada, Erivelton! Fico contente por a minha mãe ter deixado a sua marca e por rezarem por ela.

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    2. Obrigada, Erivelton! Fico contente por a minha mãe ter deixado a sua marca e por rezarem por ela.

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