segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Um conto de Natal

Olá a todos! O meu blogue tinha "encerrado para férias",  mas a vontade de escrever "rodou a maçaneta da porta".

O meu último artigo "O Natal do outro lado do espelho" foi lido por 143 pessoas. Agradeço a todos os familiares e amigos que, com a sua leitura, opinião e partilha, contribuiram para a evolução, divulgação e crescimento do blogue.

"A casa amarela sobressaía na paisagem de nuvens brancas que pintavam a calçada e árvores salpicadas de flocos de neve.

A noite galgava os montes e vales e deixava a descoberto as luzinhas que, sorrateiramente, espreitavam pelas janelas de portadas verdes abertas de par- em - par para deixar entrar o Natal.

O perfume da farta doçaria espalhava - se pelas salas e corredores. Era um gosto ver aquela sopa dourada e dava vontade de, disfarçadamente, mergulhar o dedo, lambê-la e alisar a superfície. Os mexidos, o pudim de Abade de Priscos e os sonhos diziam "comam-me" em silêncio.

A lareira acesa polvilhava a casa com conforto e luz.

Há muito tempo que a mesa estava toda aperaltada com uma toalha de linho branca bordada com azevinhos.

As pessoas começavam a chegar e a ocupar as elegantes cadeiras de pescoço comprido e lustroso.

As crianças esperavam ansiosamente a vinda do Pai Natal, enfiadas em bonitos vestidos e calções.

No gira - discos rodava um LP de música de Natal, que a dona da casa trouxera de Londres.

As empregadas, de batas pretas e aventais branquinhos, depressa encheram a mesa de travessas onde o bacalhau,  as couves, as cenouras, as batatas e os ovos cozidos abundavam.

- Podem começar a comer,  disse a avó,  colocando o guardanapo no colo.

Agora a música já tinha sido abafada pelas vozes.

As crianças limparam os pratos rápidamente e sem reclamar;  tudo pelas prendas que um senhor muito,  muito velhinho,  mas ainda muito forte,  mais tarde traria.

Depois do jantar,  jogaram ao loto e os meninos e as meninas cantaram canções que tinham ensaiado com afinco.

- Agora, interrompeu a avó,  vão todos comigo à cozinha.

A mesa estava repleta!

- Mas, avó,  nós já jantámos!, exclamou o Manuel.

- Sim, disse a avó, e continuou: - Peguem nas travessas e vamos à salinha.

A salinha, outrora albergava um piano, uma mesa de xadrez,  um banquinho e um sofá.

Quando a porta se abriu depararam - se com uma mesa toda janota,  à volta da qual estavam sentadas umas vinte pessoas.

- Boa noite a todos!, disse, alegremente,  a avó.

As pessoas de unhas negras, cabelos desalinhados e roupas coçadas retribuiram o "boa noite" com o olhar pousado na comida.

- A partir de hoje e sempre neste dia
teremos estes amigos a jantar cá em casa, explicou a avó. - Bom apetite e um feliz Natal!

A aldeia cobrira-se,  entretanto,  de uma espessa camada de neve. O sino da igreja cortava o silêncio da noite anunciando a missa do galo. O Natal tinha finalmente chegado."

Um Natal muitoooooo feliz para todos!













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