sábado, 25 de julho de 2015

Ver a Rua das Flores com outros olhos

Olá!

Quando eu andava na escola,  eu não gostava nada de história,  já que era uma disciplina de "empinar" como vulgarmente se diz.  Ora,  quem decora tudo depressa esquece! Hoje, e com bastantes mais aninhos em cima, acho maravilhoso saber o que aconteceu às coisas e pessoas ao longo dos tempos. 

Hoje, vamos falar sobre a Rua das Flores, uma rua que está muito "in". Vamos,  então,  vê-la não como simples transeuntes. 

Esta famosa rua foi mandada abrir em 1518 por D. Manuel,  de forma a ligar o Largo de S. Domingos à Porta de Carros (uma porta da muralha fernandina que ficava, sensivelmente,  no topo da actual Praça de Almeida Garrett (em frente à Igreja dos Congregados).

Inicialmente,  chamou-se Rua de Santa Catarina das Flores, nome que se deve ao facto de,  naquela altura, lá existirem muitas hortas e pomares.

A rua foi aberta em terrenos quase todos pertencentes à Igreja. Por este motivo, as casas ficaram aforadas ao bispo e ao cabido (agrupamento de cónegos ou de outros sacerdotes).

Foi calcetada em 1542 e passou a ser uma das principais ruas da cidade, sendo mesmo escolhida por nobres e burgueses para nela construirem luxuosos palacetes.

Ainda hoje é considerada a mais tripeira das ruas portuenses.

A rua ganhou igualmente notoriedade por nela ter ocorrido um crime.  Diz - se que um médico chamado Dr. Urbino de Freitas terá morto, com amêndoas envenenadas, uns sobrinhos, com o intuito de herdar a valiosa fortuna que lhes estava destinada.

Do lado direito de quem desce, abriram as suas lojas muitos dos ourives e comerciantes de ouro e jóias da cidade, a ponto de lhe chamarem a Rua do Ouro do Porto. Hoje já restam poucas como as ourivesarias Pedro A. Baptista e das Flores.

Do outro lado,  abundavam as lojas de panos.  Muitas lavradeiras e raparigas casadouras dos arrabaldes (arredores) gastaram nas lojas desta rua o melhor dos seus dotes em enxovais,  cordões e arrecadas (brincos em forma de argolas) que,  depois,  exibiam nas festas e romarias das suas terras.

De entre os edifícios mais notáveis,  além da Casa e Igreja da Misericórdia ( a casa hoje é um museu), destacam-se as casas dos Maias (no nr. 29 e do século XVI),  da Companhia (no nr. 69), dos Sousa e Silva (nos nrs. 79 a 83, cujo brasão ostenta a data de 1703), dos Constantino (no nr. 139 e do século XVII) e dos Cunha Pimenteis
(edifício de grande valor histórico,  na esquina com o Largo de S. Domingos e do século XVI).

Se for à "Bolas da Praia" comer uma bola de Berlim ou à "Farggi" comer um gelado não se esqueça de ver a Rua das Flores com outros olhos! Bom passeio!


Os excertos foram tirados de Porto XXI e Porto 24 e modificados.  Também foi utilizado o Dicionário da Língua Portuguesa de 2013.




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